O básico da inovação aberta: a magia do compartilhar
Cassiano Farani
Co-Founder YvY Capital
Já se foi o tempo em que o segredo do sucesso era guardado a sete chaves. Em uma sociedade conectada, inclusiva e em constante transformação, compartilhar e contribuir é a nova máxima do empreendedorismo. A união de forças de mercado tem resultado em relações de ganha-ganha — não apenas para as partes envolvidas — mas para a cadeia produtiva e de consumo como um todo. Neste cenário, a inovação aberta conquistou seu protagonismo, acenando como o início de uma nova configuração de fazer negócios.
O conceito criado por Henry Chesbrough, professor da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, caiu no mundo dos negócios como uma bomba que transformou o status quo das empresas, deixando para trás a ideia de que, para obter êxito, todo o trabalho deve ser feito dentro de casa. Nos dias atuais, beira o impossível uma mesma companhia deter todo o know-how para se manter em constante (evolu)(inova)ção.
Voltando ao Chesbrough, o termo veio de uma lacuna entre o mundo dos negócios e o acadêmico — ambos os quais o professor estava inserido. Mirando uma abordagem mais colaborativa, a inovação aberta abre caminhos para empresas (jovens e experientes) emergirem com propostas disruptivas.
Responsável por movimentar bilhões de dólares em oportunidades de negócios em corporações, startups e empresas digitais, a inovação aberta faz valer o conceito de que “duas cabeças pensam melhor do que uma”, abrindo espaço para um mercado compartilhado, onde as iniciativas pública e privada andam lado a lado.
Seja no varejo, na indústria ou no setor de serviços, a inovação é necessária e onipresente. E o compartilhamento de expertises e ideias geram impactos positivos sobre a oferta como redução de custos e riscos. Parece música aos ouvidos de qualquer líder, certo?
Descentralizar conhecimentos gera um ciclo de benefícios, abre diálogo e desconstrói a convicção de que a concorrência também não pode ser colaborativa, fomentando uma evolução em cadeia. Como diria Chesbrough em um artigo publicado na Forbes, “conhecimento útil hoje está amplamente distribuído”.
Parcerias de alto valor
Como em qualquer relacionamento, firmar parcerias de valor e confiança são pilares fundamentais da inovação aberta. Olhar para os mesmos horizontes, compartilhando das mesmas perspectivas estratégicas é o segredo para um casamento duradouro. E vale ressaltar que é importante que a gestão da empresa tenha a mente aberta para aceitar o novo.
Não existe uma receita de bolo para implementar a inovação aberta, uma vez que o conceito ainda depende da cultura organizacional. Aqui, podemos destacar parcerias, alianças, desenvolvimento de estudos e pesquisas, além do crowdsourcing.
O programa Matchfunding BNDES+ é um exemplo de inovação aberta. A iniciativa de financiamento coletivo ao Patrimônio Cultural Brasileiro seleciona projetos com potencial de incentivo à cultura nacional. O primeiro edital foi lançado em março de 2019 e, até agora, três convocações já foram realizadas, reunindo mais de 440 projetos.
Com uma equipe multidisciplinar, o crowdfunding é uma iniciativa da instituição financeira com a Benfeitoria, plataforma de financiamento coletivo; SITAWI Finanças do Bem, associação sem fins lucrativos; e Museu Vivo, consultoria de inovação e sustentabilidade.
Já o Matchfunding Salvando Vidas é fruto de uma parceria do BNDES com a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, SITAWUI e Bionexo. A campanha de financiamento coletivo foi lançada no início da pandemia, em abril de 2020, com o objetivo de doar as contribuições da sociedade civil e de empresas ao enfrentamento do Covid-19 com a aquisição de materiais, insumos e equipamentos de proteção. Muito além do apoio financeiro, o projeto é também um case de como é possível encarar os problemas de forma colaborativa.
Vale ressaltar que, obviamente, não são todos os dados e informações que são espalhados aos quatro ventos do mercado. Caso contrário, qual a razão das empresas permanecerem investindo em recursos, pesquisas e tecnologias? Entretanto, sempre existirão processos e ideias que podem servir para outros negócios. E vice-versa.
De acordo com Chesbrough, o seu modelo de negócios vai determinar o tipo de informação que sua empresa precisa e qual dado será compartilhado. Em tempos de conectividade, limitar-se ao próprio universo interno é, no mínimo, retrógrado. Então, por que não abrir as portas e os ouvidos para a troca? Qual o futuro que você vem construindo para a sua empresa?
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