Programa de inovação: o processo evolutivo dos negócios

Programa de inovação: o processo evolutivo dos negócios

Programa de inovação: o processo evolutivo dos negócios

Transformar uma ideia em resultado é um caminho de muitas etapas. Até a semente se tornar fruto é preciso plantar, regar e deixar florescer. No mundo dos negócios, o processo não é diferente, mas existem atalhos e estímulos que podem acelerar algumas fases. Ter em mente um programa de inovação é um passo que potencializa insights que circulam dentro e fora da empresa, uma ferramenta poderosa para germinar os objetivos das companhias.

Para implementar um programa de inovação, é necessário compreender pilares essenciais que sustentam tais conceitos. E vale lembrar que empresas que traçam metas sem fazer o uso de metodologias podem sim alcançar êxito, mas os riscos sempre caminharão lado a lado dos resultados.

Dois conceitos importantes para usarmos como pano de fundo desse processo são : Nova Economia e Economia da Experiência. Nova Economia é uma expressão criada ainda na década de 1990 para identificar a transição da economia baseada na indústria para a economia pautada em serviços. O termo também reforça a evolução digital, representando a Era de Complexidade.

Dentro desse contexto, surgiu a Economia da Experiência. Se trata de um acontecimento recente, também potencializada pelo advento da internet e uso de redes sociais. Tais mudanças transformaram as relações entre marcas e consumidores com diferentes pontos de contato, o que pede novas soluções, abordagens e produtos.

Empresas que buscam avançar na cultura de inovação também precisam passar por outros conceitos como Organizações Exponenciais, termo que nasceu em 2014 no livro "Organizações Exponenciais”, da Singularity University, universidade norte-americana com sede no Centro de Pesquisas da NASA. A ideia se refere ao maior impacto dessas companhias frente às marcas mais tradicionais devido ao uso e desenvolvimento de soluções mais eficazes e de menor custo, o que eleva seu potencial de crescimento.

Já abordei anteriormente a importância do desenvolvimento de uma tese de inovação, agora, passamos para uma nova etapa, que guiará os colaboradores e esforços rumo a um destino em comum e amplificado. Este deve ser pautado em dois objetivos: fazer com que atividades e iniciativas da empresa dialoguem, de forma impulsionadora; além de incentivar novas ideias.

Com ambas as metas bem definidas, é possível dar andamento a uma expansão sustentável dos negócios, uma vez que a companhia não depende apenas de uma ideia central e única, mas prezando por ramificações das mesmas com potencial para explorar mais setores e mercados.

Um programa de inovação robusto e bem desenvolvido por trazer uma série de benefícios como:


  • Aumento da produtividade

  • Redução de custos

  • Qualificação e desenvolvimento da equipe

  • Maior engajamento dos colaboradores

  • Colaboração entre funcionários e incentivo ao espírito de equipe


Como mencionei no início do texto, implementar o programa requer paciência, metodologia e resiliência para passar por todas as fases necessárias. Contudo, desenvolver processos permite que as empresas ganhem maturidade, reforçando a cultura organizacional disruptiva e possibilitando que passos maiores sejam dados no futuro.

Um bom ponto de partida é o intraempreendedorismo — método que consiste em dar espaço para novas ideias dentro da própria empresa, gerando maior autonomia para os colaboradores. O conceito reforça o princípio de que novos braços de negócios conduzem a melhorias e penetração em mercados antes inexplorados pela organização, sem a necessidade de recorrer a terceiros.

Ao contrário do que muitos líderes acreditam, estimular o intraempreendedorismo não abre brechas para criar concorrentes, mas engaja profissionais a permanecerem na empresa. Em contrapartida, a autonomia demanda funcionários capacitados para atender às necessidades trazidas pelo programa de inovação, bem como o desenvolvimento de soft skills que favorecem a comunicação fluida, produtividade, tomada de decisões assertivas, entre outros fatores.

Com o atual cenário pressionando corporações a adotarem novas posturas e oferecerem produtos inovadores, a busca por diversificação e inovação se faz um vetor de competitividade e sobrevivência. Dentro deste contexto, o open innovation é uma saída para fomentar parcerias e alianças entre grandes empresas e startups que já nascem com um DNA disruptivo.

Um programa de inovação corporativa pode ser uma alternativa para mitigar riscos e incentivar esforços. Assim, as empresas podem promover novas ideias, mas sem deixar os processos rotineiros de lado, gerando engajamento dos times e evitar desperdícios.

O open innovation pode melhorar a performance financeira de produtos ou, no caso de startups, o pontapé inicial para colocá-lo de vez no mercado. O comprometimento das equipes com grandes empresas ajuda a elevar a relevância no setor inserido, além de aumentar o grau de satisfação dos funcionários e dar a possibilidade de fomentar novas fontes de renda.


Cases de inovação aberta

Segundo a NeoVentures — consultoria corporativa — estima-se que 300 empresas façam o uso de programas engajamento com startups no Brasil — número que era inferior a 40 em 2015. Por meio dessas iniciativas, grandes organizações buscam novas ideias e soluções tecnológicas para os seus negócios em prol de catalisar processos e resultados, já que muitas companhias não estão prontas para lidar com ferramentas como blockchain, inteligência artificial, entre outras inovações.

Para se ter uma ideia, o número de contratos de open innovation no Brasil cresceu 96% no último ano, saltando de 1.968 em 2020 para 3.334 em 2021, de acordo com o levantamento da 100 Open Startups. A plataforma brasileira divulgou o resultado em agosto do ano passado, reconhecendo as corporações que mais praticaram inovação aberta no período.

De acordo com a pesquisa, dentre as 100 companhias listadas no ranking, a Ambev ocupa a primeira posição, seguida por ArcelorMittal, BMG, BASF e Nestlé. O levantamento aponta que 80% dos acordos de open innovation foram baseados na transferência de recursos da empresa maior à startup, com valor médio de R$ 270 mil. Os setores que mais adotaram a prática em 2021 foram serviços de bens de consumo, alimentação, serviços financeiros e serviços profissionais.

Uma das empresas de destaque quando o assunto é inovação aberta é a Natura. A marca já trabalha com esse tipo de abordagem há anos e, em 2014, lançou o Programa Natura Startups, com o objetivo de encontrar novas soluções para suas demandas de mercado.

Um dos maiores grupos do setor elétrico do Brasil, a CPFL Energia desenvolveu o CPFL Inova, um programa de aceleração corporativa que seleciona scale-ups para mentorias. As empresas precisam ter sinergia com o segmento e a iniciativa jpa aportou milhões em novos projetos, resultando no aumento de faturamento e contratação de funcionários.

Voltada para a produção de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucaliptos, a Suzano é uma empresa brasileira de papel e celulose e exporta para mais de 100 países. Desde 2018, a organização atua com open innovation ao lado de scale-ups em projetos de desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações em seus produtos.


Metodologias na ponta do negócio

Inovação sem metodologia é um tiro no escuro. Neste aspecto, o processo criativo de design thinking ganha um papel de peso no processo. O modelo de pensamento vai muito além de apenas criar um produto ou serviço. Ele propõe uma solução que entra, de fato, na vida do consumidor, ditando comportamentos e necessidades futuras. O conceito afirma que é importante experienciar e cometer erros, pois só assim a evolução será possível.

Centrado no ser humano e com viés colaborativo, o design thinking acredita que um negócio deve impactar positivamente a vida das pessoas por meio de processos inovadores. O método se apoia em alguns pilares e pode ocorrer de forma estruturada como forma de lapidar ideias. Dentre as bases do termo, podemos destacar:


  • Empatia: se colocar no lugar do outro para compreender suas necessidades, desejos e anseios. Desta forma, novas soluções podem ser criadas pautadas no comportamento do consumidor.

  • Experimentação: assumir riscos faz parte do design thinking. Experimentar ideias permite que novos caminhos sejam traçados, saindo da zona de conforto e do lugar comum.

  • Prototipação: após experimentar métodos, é a hora de criar modelos pilotos para avaliar se determinado projeto é viável, rentável e praticável. É importante chegar na etapa de concretização de soluções, pois a prática que ditará se aquele produto terá êxito.


No refinamento de ideias, é preciso equilibrar outros três conceitos: viabilidade, praticabilidade e desejabilidade. A primeira fala sobre uma solução viável financeiramente, capaz de produzir um modelo sustentável. A praticabilidade leva em consideração a viabilidade técnica, pressupondo se o projeto é possível. Entretanto, o terceiro elemento é o pilar mais importante, pois dialoga diretamente com as pessoas envolvidas (clientes, colaboradores, usuários, etc).

Já o processo de design que viabiliza a metodologia na prática é formado por quatro fases: imersão, ideação, prototipação e realização. Vale ressaltar que as etapas podem se repetir no meio do caminho e que dar um passo para trás é sinônimo de inteligência e não de retrocesso.

Outro método já abordado é o lean startup, que envolve a redução de desperdícios em processos criativos, mitigação de esforços e dinheiro jogado fora. O conceito pode ser aplicado em qualquer tipo de empresa, sendo um grande aliado na expansão de resultados e evolução de procedimentos.

A metodologia é útil no lançamento de novos produtos. É importante destacar que, no processo de desenvolvimento, qualquer ideia é fruto de uma hipótese, por mais que pesquisas robustas tenham sido feitas. Neste aspecto, a ferramenta Canvas eleva o potencial de criação do modelo de negócios, apontando como a empresa pode gerar valor para si mesma e para os consumidores.

Em um segundo momento, o empreendedor precisa testar suas teorias com o desenvolvimento de clientes. Aqui, a empresa dialogará com potenciais usuários e parceiros para fomentar uma base de opinião sobre determinada solução, preços, distribuição, estratégias, modelos, etc. Novamente, a experimentação se faz presente e necessária.

Por fim, a empresa chega ao ponto do desenvolvimento ágil, que conversa diretamente com a etapa anterior. Neste aspecto, não existem desperdícios de tempo ou recursos, uma vez que o produto está em processo incremental e melhorias. No frigir dos ovos, tudo gira em torno da interação com o cliente para validar o potencial do negócio, já que um dos principais erros dos empreendedores é não buscar opiniões antes de injetar investimentos em novas ideias.

Lançar um Programa de Ideias é uma medida eficaz que pode ser implementada facilmente dentro da cultura organizacional. Este pode ser o pontapé inicial para um programa de inovação corporativa, conforme as ideias vão sendo discutidas e transformadas em projetos viáveis. A iniciativa pode ser adaptável ao perfil de cada companhia, gerando eficiência para processos internos, com redução de custos e capacitação dos colaboradores.

Um programa de inovação pode ser desenvolvido de diversas formas, com estruturas mais enxutas e ágeis ou envolvendo grandes empresas e diferentes equipes. E para garantir a organização e assertividade dos processos, o uso de softwares como gerenciadores de projetos ajudam na gestão de metas e objetivos, além de oferecer o acompanhamento das tarefas realizadas.

A Strategyzer, por exemplo, possui softwares 100% focados em inovação, de forma que as empresas conseguem centralizar suas estratégias e fluxos de trabalho para impulsionar a produtividade, dar maior transparência aos processos, catalisar resultados e construir protótipos.

Quando falamos em inovação corporativa, é preciso lembrar que existem diferentes modelos como:


  • Programas de intraempreendedorismo

  • Programa de aceleração corporativa

  • Time de inovação dedicado

  • Posto de inovação

  • Aceleradora externa

  • Investimento e aquisição


O open innovation associado a metodologias ágeis, com pilares apoiados em conceitos ESG são as forças que mantêm a relevância e competitividade na indústria 4.0. Quem não surfar nessa onda será um grande candidato ao desaparecimento. Sua empresa será mais um case da lista de corporações que caíram no esquecimento ou será um líder da revolução disruptiva, tecnológica, social e ambiental que estamos vivendo?

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