Horizontes e suas aplicações

Horizontes e suas aplicações

Horizontes e suas aplicações

Vislumbrar um futuro em comum e trilhar os mesmos caminhos é a base de qualquer relacionamento. Inclusive o corporativo. Mas como afinar estratégias e trajetórias em empresas que envolvem pessoas com pensamentos, vivências e opiniões diferentes? Em 2000, quando a era da tecnologia dava grandes saltos rumo ao que conhecemos hoje, a consultoria McKinsey& Company concebia o conceito de “Três Horizontes da Inovação”, originalmente publicado no livro “A Alquimia do Crescimento”, de autoria de Steve Coley, David White e Mehrdard Baghai.

Também conhecida como 3H, a metodologia tornou-se um framework estratégico que conecta o presente ao futuro almejado pela empresa. Vou explicar: o conceito ajuda a identificar mudanças de mercado, cenários divergentes e resultados obtidos com as ações do agora. O alto grau de volatilidade atual, previsões, planejamento e alinhamento da gestão são vitais, pois as transformações ocorrem a cada minuto e são inerentes à nossa vontade.

Traduzindo de forma simplificada, o 3H busca a expansão contínua através do tempo e a partir da determinação de prioridades. O conceito fomenta a inovação constante, sem ser engolido pela inércia ou pelo ostracismo. De acordo com a McKinsey, empresas que sustentam um crescimento frutífero ao longo dos anos se orientam a partir de três pilares (ou horizontes).

O framework da consultoria foi estabelecido após uma pesquisa que envolveu empresas de mais de 10 indústrias diferentes, distribuídas em 12 países e 4 continentes. O estudo foi a base para a McKinsey mapear fundamentos que direcionam o crescimento dos negócios na linha do tempo, gerenciando desempenho e catalisando oportunidades de mercado.

Existe certo misticismo que permeia o número 3. Nossa noção de tempo é dividida em 3 partes (passado, presente e futuro), assim como os ciclos do ser humano (nascimento, vida e morte) e as camadas que nos compõem (corpo, mente e espírito). Logo, por que não fazer dos negócios também uma tríade?

O modelo conceitual se mostrou amplamente útil para empresas, pois ajuda pessoas a pensarem em suposições. Afinal, vivemos em um eterno “e se”. E, no mundo dos negócios, não podemos nos dar ao luxo do benefício da dúvida ou da sorte, pois inovar não se trata apenas de ter boas ideias, mas também é sinônimo de metodologia com foco em resultados.

Horizontes e suas aplicações

Horizonte 1 (H1): o primeiro H fala diretamente sobre core business, ou seja, o objetivo do negócio da empresa. É a galinha dos ovos de ouro. Como propósito central, é natural que a maior parte da energia seja direcionada para este ponto. Nesta fase, estamos falando de resultados a curto prazo, de retorno em escala e melhorias de desempenho.

Com foco em eficiência operacional, o H1 fala sobre a manutenção dos principais negócios com gestores movidos a entregas e investimentos lucrativos, com previsão de retorno em menos de um ano. Algumas palavras-chave que podemos atribuir a esta etapa são market-share, margem de lucro, receita, etc.

Horizonte 2 (H2): aqui, a inovação começa a ganhar maior expressividade. Estamos falando de uma zona de transição, quando novas ideias surgem a partir de soluções pré-existentes. Esta fase funciona como uma continuidade do modelo original dos negócios, que nasce de oportunidades emergentes para penetrar novos mercados.

O H2 pode representar uma fonte secundária de faturamento, mas com retorno mais longo. E serão essas novas ideias que garantirão o crescimento substancial da empresa no futuro. É o caminho do meio, o médio prazo que faz o uso do core business para ampliar o modelo atual.

Horizonte 3 (H3): em paralelo, as empresas precisam trabalhar o longo prazo, dando um futuro para os negócios. O terceiro horizonte pode ser lido como uma fase de experimentação, onde são criados negócios genuinamente novos e disruptivos. Estamos no plano das ideias para alavancar resultados que não serão obtidos no presente.

Para desenvolver hipóteses a serem avaliadas e validadas, as empresas precisam de pessoas criativas e visionárias. Os investimentos centrais ainda estarão voltados aos dois primeiros horizontes, mas é necessário desprender de aportes que deem a possibilidade de testar novas ideias.

A abordagem traz à luz as diferenças entre a inovação futura e a realidade dos negócios do presente. E ambos podem e devem coexistir. As empresas precisam trabalhar os 3 eixos simultaneamente, pois o tempo urge e amanhã o hoje já é ontem.

A estrutura criada pela McKinsey oferece um direcionamento para o equilíbrio entre as necessidades atuais, futuro dos negócios e ferramentas para alcançar os objetivos traçados. Muitos líderes teimam em manter seus olhares voltados apenas para o curto prazo (H1), mas é preciso investir nos demais horizontes para evitar que sua empresa caia num limbo corporativo.

Criando pontes com o futuro

Já sabemos que não existe A+B=C nos negócios. Cada empresa vive um ciclo diferente, com dores individuais e objetivos particulares. Entretanto, o framework possui usos diversos que podem ser aplicados de maneira plural. O conceito ajuda a introduzir o pensamento a longo prazo, analisar tendências e possíveis mudanças de mercado, descreve cronogramas sobrepostos e estimula a inovação interna.

Uma boa combinação dos 3 horizontes de inovação me parece uma fórmula promissora para qualquer negócio, independente do segmento de atuação. Primeiramente, é preciso identificar o core business, o motivo de existir da empresa. Destes ativos, englobados no H1, os demais serão destrinchados e conectados.

Como uma instituição que pulsa inovação, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) atua como uma multiplataforma impulsionadora de negócios. Dentro do espectro dos 3 horizontes, o banco fomenta o H1 e H2 por meio de programas como o BNDES Finem de crédito de inovação, com apoio direto e indireto em operações de taxas de juros compostas por custos financeiros como forma de incentivar o empreendedorismo no curto e médio prazos.

Como você planeja o futuro da sua empresa? De que forma o longo prazo está sendo pavimentado no agora?

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