A inovação e a oportunidade do hidrogênio verde

A inovação e a oportunidade do hidrogênio verde

A inovação e a oportunidade do hidrogênio verde

O ano de 2022 é um divisor de águas. Não apenas por (parecer) ser o início do fim da pandemia, mas por vir se mostrando um período de transições e movimentos significativos quando falamos em mudanças climáticas. Pode ser que sejam as consequências da COP 26, de uma tomada de consciência mais robusta ou pelo avanço de agendas ESG em todo o mundo. É difícil mensurar todos os fatores.

A evolução do debate acerca do mercado de crédito de carbono, dentre outros pontos sensíveis das agruras ambientais, vem dando o tom dos próximos passos que nosso planeta vai trilhar adiante. O pontapé inicial foi dado, mas ainda enfrentaremos muitos percalços pela frente. E novas abordagens serão necessárias.

Comentei anteriormente que o ESG e a inovação são as forças motrizes do século XXI. E cada vez mais entramos num estágio de compreensão desse fato. E corporações de vanguarda vêm se mobilizando para ser agente de mudança. Muitas estratégias interessantes estão em discussão para dimensionar o impacto de nossas ações até aqui e direcionar o caminho que vamos percorrer.

Lideranças e equipes devem (e precisam) repensar e criar soluções inovadoras para mudar a rota do planeta. Vamos falar um pouco sobre algumas que estão em fase emergente e prometem cumprir um papel estratégico nos rumos do empreendedorismo verde disruptivo.

Uma tendência complementar ao crédito de carbono é o investimento em hidrogênio limpo. Este, gerado pelos resíduos de processos dos nossos principais sistemas de produção, atua como combustível enquanto o CO2 é capturado e armazenado. Se trata de uma nova fonte de energia auxiliadora na transição para uma economia de baixo carbono.

Também conhecido como hidrogênio verde, ele é obtido a partir de fontes renováveis de energia, ou seja, sem emissões de carbono. Sua produção é oriunda da eletrólise da água, quando uma corrente elétrica passa pela molécula da água — por meio de eletrolisadores — que dividem os átomos de hidrogênio e oxigênio. Existem outros modos de geração de hidrogênio, como biomassa ou biogás. Uma alternativa promissora, acessível e sustentável.

Seus possíveis usos são inúmeros, como no setor de transporte, refino de petróleo, segmento siderúrgico ou até na substituição de gás natural em sistemas de calefação. Mas seu processo de produção a partir de fontes totalmente renováveis ainda é caro. Um estudo feito pela Agência Internacional de Energias Renováveis em 2020 aponta que o custo de geração de hidrogênio verde cairá cerca de US$ 6 o quilo para US$ 1 na próxima década.

O hidrogênio verde é uma fonte de energia 100% sustentável, pois não emite gases poluentes, é armazenável, versátil — podendo ser utilizado com finalidades domésticas, comerciais, industriais ou de mobilidade, e transportável. Por outro lado, seu processo de produção demanda maior gasto de energia em relação a outros tipos de combustíveis.

Entretanto, é preciso investimento e aceitação por parte das empresas, além de políticas públicas para reconhecer o seu potencial e, consequentemente, acelerar sua implantação. Em paralelo, o desenvolvimento de novas tecnologias pode impulsionar o uso do combustível. É preciso que o movimento seja uma reação em cadeia para a descarbonização da indústria.

A Península Ibérica saiu na frente e, em breve, deve se tornar o principal centro de hidrogênio verde da Europa. Recentemente, foi aprovado um projeto para produção em grande escala, o que levará o elemento a operar como um importante ator energético. Investimentos frutos de parcerias entre empresas darão origem a uma estrutura de 500 MW, que será instalada no porto de Sines, em Portugal. A expectativa é que até 50 mil toneladas de hidrogênio verde sejam produzidas por ano.


Mercado brasileiro

Por aqui, essa categoria de energia ainda é emergente. Entretanto, o Brasil fechou uma aliança com a Alemanha com foco em inovação. A proposta é desenvolver um programa para startups, organizações sem fins lucrativos e empreendedores que queiram impulsionar a produção do hidrogênio verde.

A primeira chamada encerrou suas inscrições em abril deste ano, mas o projeto deve ganhar edições futuras, sendo uma no segundo semestre de 2022 e outra em 2023. A cooperação entre as nações visa estabelecer negócios de energia renovável em ambos os mercados em prol do desenvolvimento sustentável.

A exploração de novos recursos é um fator complementar à descarbonização. As duas frentes precisam se estruturar em paralelo para que a economia não sofra as consequências da transição. Por isso, ressalto novamente a relevância de fomentar parcerias — seja entre empresas, pessoas ou países.

Existem muito mais corporações investindo no mercado de hidrogênio verde, mas que ainda estão à sombra. Precisamos colocá-las sob os holofotes para que o capital chegue na ponta, onde realmente precisa, para que essa nova fonte de energia seja realidade.

Já existem startups totalmente focadas na geração desse tipo de energia, que entram nas categorias de CleanTechs. No Brasil, podemos observar projetos de aceleração de empresas que investem no hidrogênio verde, como a iH2 Brasil – que busca fomentar o ecossistema nacional de geração do combustível por meio de instituições sem fins lucrativos e soluções de startups.

Gustavo Montezano, presidente do BNDES, destacou o papel de países sul-americanos e africanos na geração de hidrogênio verde e créditos de carbono, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Em sua participação no evento, ele ressalta o potencial do Brasil a partir de seus recursos naturais para a descarbonização da cadeia produtiva.

SAIBA MAIS

Últimos artigos

Descubra as últimas tendências de green inovation do Brasil.