Todo processo produtivo, sem exceção, gera algum impacto em seu entorno. Aliás, qualquer atividade humana, seja oriunda de empresas ou de pessoas físicas, é responsável por emissões de GEE (gases de efeito estufa). Algumas em menor e outras em maior escala. Reverter esse processo demanda tempo, mudanças profundas em nosso modo de viver, mas acima de tudo, é uma questão de dados e informação. Como podemos virar a chave de algo que não conseguimos quantificar? Bem, felizmente, hoje existem maneiras de calcular a pegada de carbono de corporações e indivíduos.
O método é utilizado para estimar a quantidade de GEEs emitidos durante a fabricação de produtos, atividades agropecuárias, prestação de serviços, realização de eventos, etc. Independentemente do tipo de gás (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, ozônio, etc) ele é convertido em carbono equivalente. E, de acordo com os índices, podemos calcular os efeitos de dano.
Apesar de todos nós emitirmos gases na atmosfera, é sabido que as corporações têm maior peso nessa conta. E de nada adianta implementar agendas complexas de ASG sem medir a quantidade de GEEs que a atividade de cada empresa produz. Na outra ponta, temos a pegada ambiental, que mede o volume de recursos naturais que a Terra necessita para sustentar o estilo de vida da humanidade — mas isso é assunto para um próximo texto.
Durante décadas, levamos nosso modo de viver de forma predatória e agora precisamos correr atrás do prejuízo. Com algumas atitudes, podemos mitigar os impactos que vão desde nossos hábitos de consumo até processos produtivos de grandes empresas. É sobre o segundo que vamos falar a seguir.
Pegada de carbono corporativa
Calcular e reduzir a pegada de carbono corporativa é um pouco mais complexa do que olhar para hábitos individuais. São diversos processos que envolvem a mudança, mas muitos deles estão ao alcance de qualquer empresa, independente do porte ou segmento de atuação.
Como qualquer plano de ação, traçar metas é o primeiro passo para a descarbonização interna. A pegada de carbono pode ser buscada para diferentes fins e propósitos, além de ir muito de acordo com o nível de emissão de cada corporação. E vale ressaltar aqui que depende também dos recursos financeiros e esforços disponíveis.
Primeiro, é necessário compreender que existem diversos tipos de emissão e, a partir delas, desenvolver um inventário de gases de efeito estufa, onde os escopos 1 e 2 são obrigatórios.
Emissões diretas ou Escopo 1: são aquelas que ocorrem em fontes de propriedade ou controladas empresa. Combustíveis de veículos pertencentes ou controlados pela corporação são exemplos práticos.
Emissões indiretas ou Escopo 2: são emissões provenientes da geração de energia consumida pela empresa (refrigeração, calor, vapor, etc).
Emissões de Escopo 3: emissões de GEEs oriundas de fontes que não são controladas pela companhia em questão, mas são consequência das atividades da mesma. Aqui podemos considerar o deslocamento de funcionários, viagens de negócios, matéria-prima adquirida, entre outros.
Para fazer o cálculo, as empresas devem considerar alguns pontos como número de colaboradores, regime de trabalho, despesas com eletricidade, combustíveis, setor aéreo e equipamentos como geladeira, ar condicionado, gás de cozinha, etc.
Desenvolver um inventário de GEE também pode trazer uma série de benefícios como a obtenção de selos ambientais, alcance de novos mercados, mapeamento de oportunidades, participação no mercado de carbono e antecipação quanto à legislação de mudanças climáticas. E, neste aspecto, algumas normas e protocolos podem ser agentes orientadores como o PAS 2050, ISO 14064, ISO 14067 e GHG Protocol.
Abaixo, seguem algumas iniciativas que podem auxiliar na redução da pegada de carbono corporativa:
Priorizar fornecedores e parceiros que atuam no mercado de forma ambientalmente responsável
Reduzir o uso de itens descartáveis
Rever processos internos para redução do consumo de recursos como água e energia
Desenvolver iniciativas para minimizar o uso de automóveis
Promover a conscientização dos colaboradores sobre a importância de seguir recomendações de economia de recursos naturais
Optar por fontes de energia renováveis
O BNDES, além de atuar como um banco que fomenta projetos sustentáveis e disponibiliza recursos para que empresas com viés ambiental cresçam, também possui uma ferramenta de cálculo de emissões de GEEs. Desenvolvida em parceria com a FGV, a iniciativa mensura os resultados do Programa Fundo do Clima e está vinculada a projetos financiados pelo programa.
Como sua empresa quantifica as emissões de gases de efeito estufa? Quais processos precisam ser revistos?
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