O universo das startups é uma engrenagem composta por muitas camadas. São ecossistemas dentro de ecossistemas que se ramificam e se completam em busca de desenvolver soluções disruptivas para um mercado em permanente mutação. Com a crescente demanda por atividades que se desenham junto à evolução do planeta, surgiram as ESGTechs — como vimos anteriormente. Dentro desta categoria de empresas, podemos destacar uma subdivisão que promete movimentar muitos dígitos de dólares no futuro, as cleantechs.
Essa “classe” de startups verdes nasce com o propósito de desenvolver tecnologias limpas, principalmente no que diz respeito a energias renováveis mais eficientes. Entretanto, as empresas também podem atuar em outras atividades como reciclagem, logística reversa, dentre outras iniciativas ambientais.
O termo não é novo, tendo surgido nos Estados Unidos ainda no início de 2002 como uma abreviação de “clean technology”. Baseadas em pilares como melhora de performance em processos produtivos, mitigação de impactos ambientais negativos e uso consciente de recursos naturais, essas startups têm potencial trilionário de mercado.
De acordo com um relatório divulgado pela Smart Prosperity Institute, até o fim de 2022, as cleantechs podem chegar a valer US$ 2,4 trilhões no mundo todo. Ainda segundo a pesquisa, a previsão é que os investimentos na categoria alcancem os US$ 3,6 trilhões até 2030.
Em 2021, a ABStartups (Associação Brasileira de Startups) mapeou 102 cleantechs ativas no Brasil, sendo 44% delas em fase de tração e escala. São Paulo é o estado com maior número de startups do gênero (29,4%). Do total, 23% utilizam o SAAS como modelo de geração de receita, enquanto outras 22% apostam na venda direta.
Dentro dessa subdivisão, as startups podem ser distribuídas em outras 8 categorias: energia limpa, ar e meio ambiente, agricultura, indústria limpa, armazenamento de energia, eficiência e transporte. Os números do levantamento da ABStartups apontam que este é um momento crucial para as empresas, que em sua maioria estão em busca de crescimento e consolidação. Um prato cheio para investidores antenados.
O aumento de empresas embrionárias que atuam diretamente em agendas ASG são oportunidades de ouro para grandes corporações. Dessa união, parcerias de peso podem surgir e o planeta agradece. Soluções inovadoras estão para nascer, e estas encabeçarão o desempenho dos negócios do futuro, elevando performances e reduzindo custos.
Aplicações mais próximas do que se imagina
E muito se engana quem pensa que as cleantechs atuarão apenas no cotidiano empresarial. Algumas delas oferecem soluções para nós, consumidores finais. Painéis solares e carros elétricos, por exemplo, estão entre os serviços e produtos desenvolvidos pelas startups. E isso é só o começo. A expectativa é que essas empresas ganhem maior notoriedade na construção e gerenciamento de smart cities. O potencial é tanto que a Liga Ventures listou 31 cleantechs com iniciativas para cidades inteligentes.
Nos próximos anos, veremos essa classificação de startups crescer e se multiplicar. Podemos aqui fazer um gancho, novamente, com a ascensão do mercado voluntário de crédito de carbono, que se conecta diretamente com as medidas dessas empresas.
Uma iniciativa que gosto bastante é a Luming – startup gaúcha com soluções de biogás e gás natural. A empresa tem como público-alvo corporações que geram resíduos em suas produções em setores como alimentação, frigoríficos, agropecuário, entre outros. Dentre as organizações em seu portfólio, podemos destacar a Ambev.
Outro case é a Trashin, especializada em gestão de resíduos desde a coleta seletiva até o descarte. A startup faz a ponte entre entre empresas geradoras de resíduos, cooperativas de reciclagem e o segmento de transformação desses materiais.
As expectativas para as cleantechs são as melhores possíveis para os próximos anos, dada a sua relevância de impacto e de mercado. E seu protagonismo só ganhou ainda mais potencial com os acordos internacionais de descarbonização.
O BNDES apoia o desenvolvimento de startups dessa natureza, com iniciativas como o BNDES Finem — voltado para a geração de energia; Fundo Clima, subprograma para resíduos sólidos, apoio aos municípios com financiamento de projetos sustentáveis, entre outras ações que se encaixam na proposta das cleantechs e fazem parte do planejamento estratégico do banco de entregas para a sociedade.
Se investir na preservação do planeta não for um bom negócio, eu penduro as chuteiras.
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