sse artigo não é sobre religião, espiritualidade ou misticismo, assuntos esses que na minha visão tem caráter amplo, complexo e individual. Aqui, o termo “espiritual” está profundamente atrelado ao que entendemos como propósito, razão de ser e como lidamos com o entorno enquanto executivos e empreendedores.
O conceito de inteligência é permeado por diferentes variações, cada uma com um desígnio específico. Duas delas são as mais conhecidas: a Inteligência Técnica e a Inteligência Emocional, ambas já exaustivamente difundidas no mundo corporativo. Entretanto, existe uma terceira via pouco discutida, mas que vem ganhando extrema relevância nas organizações de ponta: a Inteligência Espiritual.
Desenvolvido com maior profundidade por Danah Zohar, física e filósofa norte-americana, também autora do livro QS Inteligência Espiritual, o termo refere-se à existência de uma inteligência ampliadora de horizontes e carregada de significado. E qual sua relação com os negócios? Bem, vamos discorrer a seguir.
Muito tem se falado sobre proposta de valor, propósito e consciência corporativa nos últimos anos. O que é ótimo, por sinal. Definir uma missão para as empresas, que não seja meramente pautada em lucro, é uma parte indispensável para o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas. Mas o que vem depois?
Em busca do sentido
Um dos mais universais questionamentos existenciais diz respeito ao sentido da vida. Para que e por que estamos aqui? Ao fazer essa indagação, acessamos o que eu chamo de Inteligência Espiritual. Ainda que sem respostas concretas, esse tipo de reflexão nos leva a buscar maior significado em nossas atitudes e ações.
Agora, vamos transferir esse pensamento para os negócios. Até pouquíssimo tempo atrás, corporações atuavam com um core business definido (afinal, empresa nenhuma tem futuro sem um), mas com um único objetivo: obter lucro com os serviços e produtos ofertados. Com o passar dos anos, esse modus operandi foi transformado — por vontade ou por necessidade. Então, companhias passaram a olhar suas atividades e as consequências das mesmas com outros olhos. Cunhamos os termos de capitalismo de stakeholders e mais recentemente, o tsunami do ESG.
A crise climática, ambiental (e de certa forma socioeconômica- em gradientes distintos em nossas sociedades) tem muitas causas distintas, mas um ponto em comum: negócios centrados puramente no lucro financeiro. E as consequências disso já conhecemos bem. Tanto é que os malefícios são sentidos também internamente, com funcionários desmotivados e sem propósito em suas jornadas profissionais.
De forma resumida e simplificada, espiritualidade dos negócios significa trabalhar com significado mais profundos. Para você, sua empresa, seu funcionário, para a comunidade e para o planeta. É descentralizar a proposta de valor. E o conceito faz tanto sentido que a própria Danah foi procurada por grandes empresas para desenvolver o QS (Quociente Espiritual) em suas organizações.
Quando nossos atos são colocados em um contexto mais amplo de valor, tornam-se mais efetivos. Quando enxergamos sentido no que fazemos, nossa criatividade, produtividade e inspiração são beneficiadas. Desta forma, a Inteligência Espiritual passa a ser uma soft skill valiosa para os talentos organizacionais.
Cultura conectada a valores mais profundos
Valor é uma palavra complexa de definir. É difícil mensurar o que ela simboliza para cada um ou para cada empresa. Mas com certeza todos conseguem encontrar ao menos um sentido para o termo e, a partir disso, desenvolver propósitos mais significativos. Para mim, a Inteligência Espiritual dos tempos modernos está totalmente interligada com a explosão do ESG na cultura organizacional de 99% das corporações.
Se pararmos para analisar, é uma pequena sigla que engloba boa parte das feridas abertas pelo corporativismo pautado no lucro puro. São as pessoas, o entorno e o meio ambiente. Levar à consciência a terceira inteligência trouxe ao mercado um novo tipo de empresa, mais responsável, inovadora e colaborativa.
Com a influência cada vez maior das atividades corporativas em todas as áreas da vida humana, o caminho não poderia ser diferente. Mudanças aceleradas nos levaram a esse patamar de questionamento e necessidade nos negócios. Gerar riquezas ganhou um novo e muito mais abrangente sentido.
Ser uma empresa ou um profissional com uma Inteligência Espiritual desenvolvida requer reflexão, consciência e motivações verdadeiras. Demanda investimento no capital humano, transformação da cultura organizacional e valores éticos, sociais e ambientais sólidos. É um outro tipo de visão a longo prazo.
Finalizo com as 10 qualidades mais comuns de pessoas espiritualmente inteligentes:
1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
2. São levadas por valores. São idealistas.
3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.
4. São holísticas (no sentido de enxergar as situações de diferentes percepções)
5. Celebram a diversidade.
6. Têm independência.
7. Perguntam sempre “por quê?”
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo.
9. Têm espontaneidade.
Têm compaixão.
Sua empresa pratica a Inteligência Espiritual? Quais reflexões e valores movem o seu negócio?
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