Dentro da organização empresarial, consolidar estruturas sólidas, independente da área ou departamento, é um pilar para obtenção de resultados mais robustos e assertivos, seja individual ou coletivamente. Desenvolver um ecossistema de inovação faz parte desse processo e eleva a capacidade de disrupção das empresas.
Estimular a inovação estrutural é um desafio para grandes corporações, mesmo em pleno século XXI. Seja pela cultura, pelo perfil de organização, pelo mindset da liderança ou pela falta de conhecimento e entendimento no assunto, que podem levar a uma abordagem estreita e superficial.
Criar um ecossistema de inovação permite que empresas se unam para gerar ideias e soluções e, juntas, coloquem as propostas em prática. Mas, para entender o conceito, vamos retornar ao início. O termo surgiu como uma abordagem estratégica de empreendedorismo e acabou sendo empregado com diferentes significados e propósitos.
O responsável por introduzir a ideia ao mercado foi James Moore — acadêmico que estuda a evolução dos sistemas sociais e econômicos — para descrever organizações que formam um ecossistema de negócios. Esses conjunto de empresas e outros parceiros, como universidades, unem forças para criar um ambiente que favoreça o florescimento da inovação. Podemos citar aqui os parques tecnológicos, que muitas vezes contam também com a participação do governo.
Essa estrutura pode parecer familiar, pois está atrelada ao conceito de inovação aberta, trazendo a ideia de colaboração entre diferentes players em prol de um objetivo comum. No ecossistema, os “participantes” são conhecidos como agentes, visto que não são apenas empresas que representam os elos dessa cadeia.
E tais atores precisam ter seus papéis bem definidos para que a estrutura funcione como um todo. Interações internas e externas bem coordenadas, gestão de fluxo de recursos e captação de parceiros bem orquestrada são alguns exemplos de processos que fazem parte de um ecossistema de inovação.
Com o objetivo de transformar a inovação em heterogênea, o desenvolvimento de um ecossistema abrange o campo de visão com a participação de mais pessoas, empresas, instituições e expertises. E sabemos que muitas cabeças pensantes trazem resultados que dificilmente seriam conquistados individualmente.
O ecossistema mais conhecido do mundo é o Vale do Silício, sede de grandes empresas de tecnologia como Facebook, Google e Apple. Em uma região que respira inovação e empreendedorismo, também estão localizadas universidades como Stanford e a Universidade da Califórnia, além de uma série de startups que ganharam a chancela de unicórnios.
Outro exemplo é Israel, um país mundialmente reconhecido por seu ecossistema de inovação. Uma das forças de sua estrutura é a diversidade, pois sua população de 8 milhões de habitantes é composta por pessoas de diferentes culturas e nacionalidades. Por aqui, o Global Startup Ecosystem Report 2020 apontou Curitiba como a única cidade brasileira entre polos emergentes do mundo. No Rio Grande do Sul, a Tecnopuc, da PUC-RS, é um parque tecnológico que estimula a interação entre a universidade, empresas e o setor público.
Tais ecossistemas estimulam a troca de experiências, reconhecimento da comunidade, redes de indicação e conexão entre empresas, melhora das habilidades dos agentes envolvidos, networking, captação de talentos e uma colaboração mútua que impulsiona resultados.
Para um ecossistema funcionar, é preciso a participação de todos, sejam aceleradoras, startups, empresas de tecnologia, instituições de ensino, fundos de venture capital, associações, etc, pois organizações que cooperam entre si adquirem vantagens competitivas frente às que passam pela curva de aprendizagem individualmente. A colaboração é o segredo que trará a musculatura para enfrentar as mudanças e desafios do mercado.
Começar um ecossistema de inovação depende de alguns pilares como:
Definição de necessidades e objetivos
Escolha de parceiros
Estruturação
Mapeamento de potencialidades
Estudo de tendências
Também ressalto três elementos centrais que compõem esse ecossistema:
Exploração de portfólio: o portfólio de um ecossistema é pautado em novos projetos, modelos de negócios, propostas de valor, produtos e serviços mapeados em retorno esperado e risco de inovação. Porém, é preciso identificar se a proposta é direcionada para eficiência, sustentabilidade ou transformação. Essa definição ajuda a avaliar se os projetos estão alinhados com os objetivos estratégicos da organização ou se ajustes são necessários.
Estrutura de inovação: aqui, consideramos os processos, regras e governança para a exploração do portfólio. Dentro dessa estrutura, se faz necessário o desenvolvimento de um programa de inovação em prol da geração de valor (lucro, da fomentação da cultura disruptiva e alocação de recursos.
Cultura de exploração: é o pilar que fala sobre a criação, descoberta, validação e aceleração das ideias que sustentam o ecossistema de inovação. Desta forma, podemos visualizar a exploração de portfólio, avaliar agentes facilitadores em pontos sensíveis dos projetos, design organizacional e demais práticas de inovação.
A colaboração a serviço da inovação e prosperidade é transformadora e pautará o futuro do desenvolvimento de novas soluções. Agentes heterogêneos são benéficos para a disrupção, pois promovem a diversidade dentro de um ecossistema vivo, composto por empresas e pessoas que pensam diferente.
Sua empresa faz parte de algum ecossistema? O que pauta as relações de colaboração dentro de sua cultura organizacional?
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