A busca desenfreada por soluções game changers pode nos levar a lugares obscuros. Estamos em constante procura por novas ideias, pelo pioneirismo e por despertar dores ainda inexploradas pelo mercado. Por mais que isso seja excelente, é preciso ter um pouco de cautela nesse campo minado. Trazer à luz novos projetos requer tempo, direcionamento, estudo e paciência.
O processo de inovação acontece de variadas formas, muitas delas já abordadas aqui, como os 3H, por exemplo. Cada empresa encontra o seu caminho. Mas definir quais ideias e projetos têm real potencial para engrenar é uma etapa complexa, que demanda muita análise e testagens.
É preciso entender que, o que parece inovador agora, pode não ser no longo prazo. E antever o futuro é para os fortes. Ainda mais se tratando de produtos e serviços. São incontáveis os casos de projeções errôneas, mas existem meios de evitar dar um tiro no pé e acumular prejuízos.
Ser assertivo nas escolhas de inovação não é uma expertise que parte apenas das empresas desenvolvedoras, mas também dos investidores. Afinal, é preciso faro para saber onde desembolsar quantias generosas de dinheiro. Para isso, são construídas teses de investimento.
O documento define quais mercados serão o público-alvo, nível de maturidade dos negócios, core business, modelo adotado, time, tecnologias implementadas, dentre outros fatores técnicos e estratégicos. A tese é desenvolvida seguindo as tendências e objetivos alinhados. Entretanto, algumas empresas optam por não limitar seu escopo, abrindo mais espaço para áreas de atuação.
Atualmente, existem diversas técnicas de pesquisa e análises para avaliar ideias inovadoras. Mas não se engane, pois nem sempre elas são benéficas. Muito pelo contrário. É necessário compreender que projetos evoluem no campo das incertezas, que vão sendo diluídas à medida que algumas perguntas encontram respostas.
Assim como alguns mapas da inovação foram desenvolvidos por especialistas após inúmeras experimentações, testes também foram criados. Os resultados funcionam como bússolas para que as empresas direcionem seus esforços de maneira estratégica, alinhados com os outros Hs (H1 e H2). Como falei anteriormente, o processo de disrupção deve andar lado a lado com a cultura organizacional.
Um empecilho muito comum é a complexa tomada de decisão. Investir ou não investir? Eis a questão. Existe um processo burocrático que permeia os conselhos de inovação, o que pode significar critérios subjetivos, caso não definidos previamente pelos membros. Daí a importância do desenvolvimento da tese.
O mundo das hipóteses
Trabalhar com teses é dialogar diretamente com hipóteses. A ideia pode ser executável, financeiramente viável e com potencial para agregar valor. Ainda em fase embrionária, todas as soluções são uma incógnita. Logo, identificar e avaliar incertezas é um ponto crucial nessa construção.
Para criar uma tese orientadora, alguns pilares são necessários:
Avaliação de portfólio: entender onde estamos e para onde vamos. Para chegar a uma resposta, é preciso analisar os produtos e serviços oferecidos e consolidados. A partir deste estudo, traçar em quais aspectos a inovação se encaixa, de que forma ela pode aprimorar o que já existe. Ou melhor: como a empresa pode se manter competitiva no longo prazo?
Análise de mercado: feita uma avaliação interna, é hora de olhar pra fora. Um exemplo muito utilizado é o Pestal — que leva em consideração aspectos econômicos, políticos, sociais, ambientais e tecnológicos. Estar atento ao que o mercado vem desenvolvendo também é importante, pois assim como você, muitas empresas estão dentro do laboratório, prestes a lançar uma nova solução.
Construção da tese: passadas as duas etapas iniciais, é hora de colocar a mão na massa. Vale lembrar que a tese é uma hipótese que será revisada muitas vezes, acompanhando as mudanças do mercado e as necessidades do público-alvo.
Este ano tive a oportunidade de conversar com algumas empresas de consultoria corporativa que, como a Ace Córtex, liderada por Luiz Gustavo Lima; Aevo (Luís Felipe Carvalho); Liga Ventures (Rodrigo Tamassia); Kyvo (Hilton Menezes); BTHINK (Rique Nitchze e Eduardo) e nossos parceiros de longa data da Roland Berger Strategy Consultants (Antonio Bernardo) — esta última com um trabalho sensacional de mapeamento de tendências em bancos de desenvolvimento.
Em breve, o BNDES subirá de patamar no mercado de inovação, com uma plataforma totalmente direcionada ao tema, que promete alavancar novos projetos por meio de acelerações, financiamentos, além de toda a expertise do time de especialistas do banco. Ainda falaremos muito de disrupção.
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